terça-feira, 14 de julho de 2015

Brincar na Escola - Psicomotricidade

BRINCAR NA ESCOLA


Para a criança brincar é a função vital e, caso não brincasse, teria perdas psicológicas fundamentais.É através do brincar que se realizam várias aprendizagens, inclusive de conteúdos pedagógicos. No entanto, isso ocorre de forma diferente do tradicional, porque se faz por prazer, com iniciativa espontânea e criativa.
O que se observa por aí, nas Escolas, em geral, é a grande dificuldade do educador se dispor a brincar com seu aluno. Muitos acham que o sentido lúdico da aprendizagem pedagógica está voltado apenas para a Pré-Escola. E o pior que se constata é que, inclusive algumas Pré-Escolas não se permitem brincar, jogar, criar com suas crianças.
É importante que a proposta do brincar não seja feita apenas em ocasiões especiais, como a semana da criança, por exemplo, onde tudo é permitido e valorizado, e que, a utilização de certos materiais, como barro, tinta, água e outros seja esporádica.
É fundamental que nós, educadores, através de nossas, vivências, nos perguntemos a cada dia: até que ponto nos envolvemos nessas atividades não rotineiras que transtornam e dão mais trabalho? Ou até que ponto nos envolvemos porque realmente sentimos prazer no contato com a tinta, com o barro? E ainda, tentar nos remetermos à infância, lembrando as experiências tidas. Se formos crianças que lidamos com esses materiais e os elementos da natureza - ar, água, fogo e terra? Se proporcionarmos á criança pelo menos no ambiente escolar situações e atividades onde ela expresse espontaneamente sua criatividade, podemos ter certeza que estaremos fornecendo a ela condições mais favoráveis de relação com ela mesma e com o mundo. Nunca deixemos de lado o respeito pelo ritmo e tempo do outro (a criança), para com aqueles que se permitem, como por aqueles que se negam a participar da proposta.
Para se chegar a pensar assim e adotar uma postura de educador diferente da tradicional é necessário disponibilidade corporal, de pensamento e treinamento, através de vivências quase que diariamente, cursos de aperfeiçoamento, leitura e convivência com grupos infantis,
Existem muitas oportunidades para que o educador se desenvolva e cresça. É sé ele acordar e querer.
Particularmente, somos favoráveis à postura de Psicomotricista, porque acreditamos que através do desenvolvimento psicomotor o indivíduo se integra harmonicamente com movimentos do seu corpo e a sua emoção. Para que o educador passe de forma natural e lúdica para seus educandos, os conteúdos, sejam eles pedagógicos ou não, é preciso que vivencie em si essas propostas, brincando jogando, expressando, permitindo-se.
E a Psicomotricidade consegue de forma bonita e agradável propor essa aprendizagem, inclusive para o adulto.
Tudo é muito sério na Educação.
Se pensarmos que lidar com esses materiais e atividades vai proporcionar registros em termos de maturidade emocional, dando-lhes condições para ter uma estrutura rica e forte nas relações com o mundo e com as pessoas, nos disporemos, SEMPRE a essas propostas. Brincar com água não faz mal, relaxa, aclama. Brincar com ar, renova, abastece. Brincar com fogo, se bem manipulado, ilumina a mente. Brincar com terra e tinta não suja, energiza, dá prazer. Se você se justifica em dizer que não tem tempo nem espaço, não se esqueça que ainda é possível:
-          Abrir a janela e respirar fundo;
-          Acender velas ... de vez em quando;
-          Tomar banhos de mangueira e fazer bolhas de sabão;
-          Amassar a massa de modelar e o barro mesmo na área de serviço ou sobre o jornal e criar livremente.
Lembra que brincar é tão importante quando comer, dormir e beber. Se permita, vai ser preciso só uma vez para você querer brincar sempre.
E se você tentar e não conseguir, nas se sinta inferior em pedir ajuda. Vale a pena investir em você como educador!

Artigo escrito por Vera Maria Carvalho, psicóloga, psicomotricista e educadora para um pequeno jornal de educação de Curitiba. veracarvalho@veracarvalho.com


Curso de Psicopedagogia Empresarial em Maringá - julho2015







Família e Empresa - duplo desafio




Família e empresa – duplo desafio


Vera Maria Carvalho

Psicóloga, Coordenadora de projetos e de desenvolvimento de pessoas da Nova Forma – Assessoria e Desenvolvimento.....vide currículo no final do texto.

Entendendo família como um todo organizado em níveis hierárquicos formados por partes interdependentes, que influenciam e são influenciadas, podemos também pensar sobre o que ocorre na relação do sistema familiar em uma empresa pertencente a uma mesma família.  Será que os filhos desejarão continuar com o negócio que o avô criou e que a atual geração – os netos - demonstra não mais querer mantê-lo?
As diferentes configurações familiares na atualidade demandam variadas tarefas aos subsistemas que formam o sistema familiar e este aos seus membros. A abrangência dos subsistemas é grande e vai do estabelecimento de vínculos até a sua manutenção para funcionamento saudável da família. Embora haja diferentes configurações familiares, nos deparamos sempre com o modelo tradicional que consta de subsistema individual, subsistema conjugal, subsistema parental, subsistema filial e subsistema fraternal, acompanhados de funções específicas e dependendo de que contexto e cultura estejam inseridos.
Na formação das empresas familiares a configuração do sistema se depara com três subsistemas específicos: família, patrimônio e empresa (Passos, Bernhoeft e Teixeira – Família, Família, Negócios à parte – Editora Gente, pág. 49 - 2006:)
Compreender o funcionamento desta arquitetura e sua dinâmica é fundamental para que a família, também empresária, tenha condições de administrar o negócio e as relações pessoais familiares. Nem sempre os membros da família participam diretamente das atividades da vida empresarial. Há famílias com membros que chegam a ignorar o trabalho que é empreendido na empresa de onde sai, por exemplo, o dinheiro para o pagamento de suas despesas com escola, carros, viagens.
O conceito de empresa familiar é aquela em que o controle é exercido por uma ou mais famílias, ou seja, os principais sócios da organização são os fundadores ou os seus descendentes. Portanto, um sistema que tem como característica o controle societário implica, também, em relações de negociação sobre interesses pessoais dos membros daquela família.
Nem sempre o que o pai quer, ou a mãe sonha é compartilhado ou aceito pelo filho mais velho, a filha que deseja ser independente ou o caçula que quer ser, por exemplo, peão em rodeios de touros. Algumas vezes as relações de negociação se complicam mais quando entra em cena o genro ganancioso, a nora que quer mudança de “status” social, ou o filho que deseja, a todo custo, tirar o pai da administração do negócio da família, para imprimir a ele o seu estilo, com acertos e possíveis erros, o que ninguém aceitaria sem antes ensejar discussões, brigas e desentendimento entre os sócios, membros da família.
A existência simultânea e a interação dos três subsistemas da empresa familiar fazem com que a dinâmica das sociedades familiares enfrente questões de ordem emocional, legal, patrimonial e empresarial, influenciando também a dinâmica da família. Cada um dos subsistemas – família, patrimônio e empresa - atua nos membros da família de forma distinta, dependendo do seu grau de envolvimento nas atividades da empresa e/ou no seu papel funcional na família.
O grande desafio dos membros da empresa familiar que atuam direta ou indiretamente na sua administração reside na delimitação das fronteiras entre o papel familiar e o papel profissional. Um duplo desafio: o de manter a empresa e seu negócio e o de manter as relações familiares sem conflitos.
Muitas vezes estes conflitos aparecem quando não há a delimitação do que é profissional e do que é familiar. Quando o pai-empresário age como administrador os membros da família podem questionar que a decisão tinha que ser apenas como pai. Noutras decisões, quando o empresário-pai age como pai, o filho pode se sentir desqualificado enquanto profissional e integrante da administração da empresa. Nas duas possibilidades, sempre haverá interferência do que é familiar com o que é apenas empresarial, profissional por excelência.
Quando há um conflito entre estes aspectos, o pai pode agir como empresário e magoar o filho que se mostra apenas filho, ou quando o filho é tratado como se fosse apenas filho, sendo desqualificado como profissional que também é. Isto pode acontecer, também, nas relações conjugais. O marido quer a empresa numa direção e a mulher, noutra. Em casa, há uma ampliação do impasse e as relações marido-mulher se estremecem. No final da história, empresa mal administrada e casal insatisfeito.
Facilmente as queixas se repetem em diferentes empresas familiares e nas famílias com relação ao espaço de autonomia, o reconhecimento das competências profissionais dos seus membros, os estilos e modelo de gestão adotado e os sentimentos que se misturam às decisões empresariais interferindo nas relações pessoais, tornando frágeis os vínculos e levando as pessoas a conflitos maiores, chegando até, ao rompimento ou afastamento da empresa e o estabelecimento de mágoas familiares de difícil reparação.

O duplo desafio que as empresas familiares enfrentam - ser competente e rentável no mundo dos negócios e proporcionar bem-estar e felicidade para todos os membros da família – necessita de ações conjuntas que promovam a valorização coletiva dos membros que participam daquele sistema a partir de recursos da própria família e seu funcionamento ou de recursos externos que os auxiliem a compreender a dinâmica familiar na administração da empresa, neste caso, com a contratação de profissionais especializados em consultoria e assessorias específicas que tenham visão sistêmica sobre o funcionamento geral da empresa e as diferentes áreas que a compõem. Nem sempre o esforço interno é eficaz na resolução dos conflitos, e por uma atitude tardia, em busca de ajuda, a empresa poderá ter prejuízos financeiros e patrimoniais assim como a família pode estabelecer um sofrimento permanente.